segunda-feira, 12 de abril de 2010

Brilho de Una: o sol, os vagalumes e as estrelas




Barra do Una, uma das praias que integram a Estação Ecológica da Juréia, em Peruíbe - litoral sul de São Paulo, é daqueles lugares para esquecer o ponteiro do relógio e se guiar pelo tempo do caminho do Sol. Chegar lá não é tão simples. Deve-se ter paciência, porque o trajeto, quando se chega na cidade, inclui uma extensa trilha de terra que parece não acabar. Procura-se a praia a cada curva do caminho de 18 km, mas o que se vê por mais ou menos uma hora de viagem é morro, mato, cachoeira, mais morro, mais mato e mais cachoeira.

Não tenha tanto apego ao seu carro, porque ele ficará sujo de lama e o escapamento pode raspar em algumas pedras pelo caminho. Mas como em todo caminho há uma pedra... Se o veículo estiver pesado – de malas, isopor com alimentos e gente! -, é provável que os passageiros tenham que sair para que ele fique mais leve ou até mesmo para dar uma forcinha de braço ao condutor. Caso contrário, o automóvel não sairá do lugar, preso na terra repleta de pedras e pedregulhos, o pneu girará em falso e, no ar, ficará um leve cheiro de borracha queimada. Mas isso ocorre em alguns raros trechos de subida. Nada mais. O que importa é o bom humor e as histórias pra contar depois.


Os desafios e a impaciência valem. A recompensa é um lugar assim: para contemplar o sol e a beleza, discrição e exuberância do seu nascer, além de seu reflexo no mar. Um lugar para respirar fundo e sentir o cheiro do mato e da maresia. Para mergulhar no mar escuro ou apreciá-lo de longe sentado em uma cadeira de praia. Um lugar para deitar na areia, na beira da água, e deixar as ondas cobrir o corpo. Para tomar banho de rio, que fica a leste de quem está à frente da praia. Mas muito cuidado: não se deixe levar pela correnteza!

Una é um lugar com pouca gente, para frear a correria; para uma boa roda de conversa com amigos, sob a sombra de uma árvore; para deitar em uma rede e fazer palavras-cruzadas; para deixar o tempo passar cantando canções, algumas de infância, ou se divertir com um jogo de perguntas sobre os anos 80.


À noite não há iluminação pública em Una, somente a das estrelas e dos vagalumes. Bom, porque dá pra ver a imensidão do céu sem ter que desviar o olho de um prédio e outro (até porque não há prédios!). Dá pra ver as Três Marias, o Cruzeiro do Sul, um planeta (?)... Dá até para ficar nu, sem que alguém o veja. Durante o dia, você corre o risco de se deparar com um nativo - um lagarto, que aparece sem mais nem menos à sua frente, causando susto.

Por lá, telefone celular não funciona. Se quiser se comunicar com alguém em outra cidade terá que tentar em um dos raros orelhões existentes. Ligações a cobrar para algumas cidades da Baixada Santista talvez não dêem certo. O melhor é levar um cartão telefônico, o que não é uma garantia de conseguir contato. É, a tecnologia não resiste em Una, a natureza fala mais alto. Não há nada de mais neste lugar, mas ele tem seu brilho próprio. Surpreende pelo essencial, pela grandeza da simplicidade, em que a maior riqueza está em sua beleza rústica natural.

3 comentários:

  1. Maneiras as fotos. Lindas! E a descrição do lugar é uma delícia! Estive no Una há uns três ou quatro anos, fazendo uma matéria, e é bem isso mesmo: difícil de chegar, mas com uma vista que compensa. Tem também uma outra prainha que fica antes do Una, uma bem pequenina. Acho que é Caramborê, uma coisa assim. Chegam a ser mais bonitas que as praias de São Vicente! hahaha...
    Tem novidade no Amenidades Crônicas também. Confira.
    http://amenidadescronicas.blogspot.com
    Maykon

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  2. Lindo lugar, lindas fotos...da vontade de fugir pra la. Aiii se eu pudesse...aiii se ma da loucura. rsrs...
    bjkas de hermana pra hermana mia.

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  3. Ao ler esta matéria, chego a me emocionar...vc consegue transmitir em palavras tudo o que vivemos com nossos amigos neste lugar, lindo, mágico e encantador...
    Seu blog ta muito lindo, parabéns!!!
    Bjokas flor.

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